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Paraty

A Arquitetura da Cidade

  Durante nossa viagem andamos bastante pela cidade, principalmente pelo centro histórico de Paraty, aprendendo não apenas sobre as suas influências na História, como também sobre sua arquitetura tão original.

  

Mapa  do Centro Histórico de Paraty (José Luís- Rua principal)

  Inicialmente, comentamos sobre um estilo de construção de janelas típicas de cidades históricas que, ao envés de serem de vidro ou madeira como as janelas atuais, eram construidas com a técnica de "Treliça de Resguarda". 

  Essa técnica de construção é caracterizada por um trançado que dificulta a visibilidade de dentro e fora da casa. As treliças eram muito  populares antigamente pois, por trás de suas tranças, escondiam os rostos das mulheres. Pois, no passado, quando uma mulher aparecia debruçada sobre a janela, significava que ela trabalhava com prostituição (como é demonstrado pela boneca "namoradeira" presente em diversas decorações de janelas).

Técnica de treliça nas Janelas de Paraty

Boneca "Namoradeira"

  O calçamento da cidade chama-se "pé de moleque". Caracterizado pelas pedras sobrepostas, que podem mesmo lembrar o doce. Algumas dessas pedras da calçada possuem marcas antigas como as de travas de portas, pois com todas as mudanças urbanísticas que ocorreram na cidade, nos últimos tempos, algumas pedras que, antigamente abrigavam uma porta, hoje encontram-se espalhadas pelas calçadas da cidade.

À esquerda, uma foto do típico calçamento de Paraty "Pé de Moleque" e, à direita, uma representação de uma pedra na calçada que antes era utilizada para travar a porta de alguma casa no local.

  Antigamente, este calçamento era muito conhecido como um vaso sanitário comunitário, pois com a falta de saneamento básico do passado, os habitantes não tinham opção além de jogar suas necessidades pelas janelas, no meio da rua, durante a noite.

  Este fato inclui também uma história cômica de um membro da realeza que passeava pelo centro histórico durante a noite e que acabou recebendo um "presentinho" jogado pela janela de algum habitante de Paraty. Com o trágico ocorrido, uma nova lei foi promulgada obrigando toda a população à gritar antes de jogar suas necessidades fora, fato que constrangia os habitantes que acabaram pressionando o governo para a criação de uma rede sanitária decente.

À esquerda, um habitante descansando na calçada que antigamente servia de esgoto da cidade. À direita, um símbolo da realeza, encontrado em uma casa antiga que já abrigou membros da corte e, até hoje, foi preservada.

  Durante a nossa viagem, as ruas da cidade encontravam-se decoradas para uma festa típica e exclusiva de Paraty: a festa de Santa Rita. São nove dias de comemoração no mês de julho, quando toda a cidade é decorada com bandeiras brancas e amarelas para a programação do evento que inclui pocissões, missas e ladainhas. 

  A festa reúne moradores das regiões próximas à cidade, a população local e visitantes. A comemoração conta com uma programação predominantemente religiosa, onde todos os presentes se divertem com os shows, prendas e barraquinhas com comídas típicas do local.

Ruas de Paraty, belamente decoradas, para a festa de Santa Rita

  Além da evidente característica histórica da cidade, por meio da arquitetura aprendemos também sobre as influências de diferentes sociedades que ja estiveram presentes na região, como a sociedade maçônica.

  Maçonaria é uma sociedade discreta, onde suas ações reservadas interessava apenas àqueles que faziam parte dela. Os membros maçônicos cultivam o aclassismo, humanidade, os princípios da liberdade, democracia, igualdade, fraternidade e aperfeiçoamento intelectual. Esta sociedade admite que qualquer homem é livre e possui bons costumes, não fazem distinção de raça, religião, ideário político ou posição social.

  A Maçonaria se manifestou em diversas partes da cidade por meio da arquitetura, mesmo que de maneira discreta marcou à todos os visitantes como marcou a cidade de Paraty, nos ultimos 200 anos.

  Durante o City Tour, analisamos algumas decorações e construções de Paraty em relação às evidências maçônicas, passamos um bom tempo discutindo sobre símbolos maçons presentes na cidade e o que estes poderiam representar.  Junto com o nosso guia Renan chegamos à diversas conclusões...

Nesta parede à esquerda com símbolos maçons utilizados como decoração de uma das casas de Paraty, podemos encontrar alguns dos quais discutimos os significados. O número 1 representa o símbolo da UMBR, o número 2 representa algo parecido com o símbolo das navegações de Vasco da Gama, e por fim, o símbolo 3 que, segundo palavras do nosso Guia Renan, lembra até mesmo a arquitetura do congresso de Brasília (por mais que não seja uma explicação maçônica para o símbolo todos gostaram de ver um pouco de Brasília decorando Paraty).

Símbolo maçom que lembra a o losango Verde da bandeira imperial do Brasil.

Símbolo da sociedade maçônica que representa o homem e a mulher.

  A maçonaria também se manifestava na arquitetura de Paraty como forma de comunicação, em que os membros desta sociedade utilizavam-se das esquinas para formar triângulos maçons e discretamente se reunirem.

Foto tirada pelo professor Alexandre Alves do guia Renan nos explicando sobre a maçonaria.

  Não servindo apenas para aspectos religiosos, sociais e históricos, as ruas de Paraty também foram pensadas, inteligentemente, como uma estratégia de guerra. Ruas curvas que evitavam que os inimigos conseguissem ver seu fim serviam como uma espécie de labirinto para os que desconheciam a cidade.

Rua "sem fim" da cidade de Paraty

  Uma das características que mais chamaram atenção em Paraty foi o fato de suas ruas serem alagadas, após a subida da maré. Um ambiente ao lado do mar junto de uma ideia genial de adaptação às travessuras da natureza tornou-se uma das coisas mais belas da cidade. 

  No final da tarde, a água do mar invade o centro histórico (onde não passa carro) por meio de túneis muito bem bolados e cria uma cena muito bonita e uma característica única de Paraty.

À esquerda o mar que existe ao lado da cidade e que no fim da tarde alaga as ruas de Paraty (direita)

  Uma arquitetura original, bela e inesquecível! Todos sentiram-se andando pelas cenas de um filme antigo: com a fofura das casas, as bandeiras penduradas, os cachorros dormindo nas calçadas pé de moleque e o cheiro da maresia.

Acima um objeto que era utilizado como "estacionamento" antigamente e à direita uma representação espelhada da "Rua da Cadeia" pela qual passamos durante o City Tour.

  Uma cidade que conseguiu envolver tantos elementos e aprendizados, apenas em sua arquitetura, não é algo que se vê todo dia... Foi marcante e muito bonito participar da bela representação do passado que é Paraty!

História de Paraty

     Paraty começou a se desenvolver por causa da estrada real, que tivemos a oportunidade de conhecer melhor durante a trilha do ouro, com o contato com o ouro, acidade precisou melhor sua estrutura assim como a sua segurança, o centro histórico, por exemplo, suas ruas foram feitas estrategicamente para caso de invasões. Porem, o uso dessa estrada só durou 3 meses, logo depois a estrada direta para o Rio de Janeiro foi descoberta e Paraty deixou de receber ouro, e mesmo assim a cidade manteve sua economia forte graças ao comercio de escravos.

     No século 19, Paraty reiniciou seu crescimento pela influencia do café, mas, assim como aconteceu com o ouro, logo uma estrada para o Rio influenciou na decadência do produto na cidade. Embora dessa vez a cidade tenha sofrido um declínio econômico e isolamento do resto do Brasil, o que pode ter mantido a cidade tão parecida de como era a algumas décadas/séculos antes

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