Vagando
por Paraty
Teatro de Bonecos
Em uma das noites da viagem à Paraty, tivemos a sorte de poder visitar um teatro que tinha como foco principal bonecos que, junto com pessoas que os manuseavam, criavam vida e surpreendiam todos os presentes. Apesar de nenhuma palavra ser dita, tudo é compreendido e todos os sentimentos expostos são únicos e contagiantes.
Antes da encenação, duas mulheres vestidas de preto apareciam, no palco e, com movimentos sicronizados, elas preparavam a cena. Ao fim da preparação, elas abaixavam seus capuzes e, apenas com jogos de luzes e onomatopéias, conseguiam transformar os bonecos em pessoas de verdade!
Muitas foram as encenações da noite, mas na hora em que chegamos ao hote,l após o espetáculo, comentamos sobre algumas das cenas que mais nos marcaram e o que elas queriam expressar:
Com o simples título "..." esta foi uma das cenas mais marcantes e surpreendentes da noite. Uma cena que retrata o suicídio de um homem desde o momento em que chega inquieto em casa, escreve uma carta e decide atirar em sua cabeça.
Com nenhuma palavra, apenas respirações ofegantes e movimentos, todos da platéia conseguiram sentir a angústia de um homem ao tirar a própria vida... Então, ao fim da cena, todos ficaram surpresos e se perguntando o que levou ele a realizar essa ação tão impactante.
Uma bela cena que, com alguns simples gestos, conseguiu mostrar como o amor pode ser simples mas, ao mesmo tempo, forte o bastante para encantar uma platéia inteira.
Esses dois personagens que iniciam a cena separados e vão se juntando ao decorrer da mesma, fizeram a plateia rir, aplaudir e até mesmo se apaixonar pelo sentimento que retrataram, em apenas alguns minutos no palco. Mostrando a bagunça de emoções que, juntas, formam o amor e chamam a atenção de qualquer um.
Uma das últimas cenas e com certeza uma das mais impactantes: uma mulher deitada na cama que se masturba em frente à uma platéia inteira e, final, dá a luz à um pedaço de pano.
Esta, ao final do espetáculo, foi a cena mais discutida e ao mesmo tempo menos compreendida. Nosso grupo, ao comentar sobre ela, levantou várias hipóteses como a de que o ato de se masturbar fez esta mulher se sentir tão culpada que se imaginou grávida e dando a luz. Outra idéia foi a da autossuficiência da mulher, que não precisa de homem ou de ninguem para criar uma vida. Apesar de muitas hipóteses, não chegamos à nenhuma conclusão concreta, além da de que foi uma cena impressionante que nos surpreendeu.
Um espetáculo realmente marcante e muito interessante, uma mistura enorme de música, cultura e belas cenas que sem dúvida marcaram a viagem de todos presentes.