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Trilha do Sono

      No último dia de atividades da viagem, fomos em um passeio incrível pela Trilha do Sono, um caminho no coração da propriedade da comunidade caiçara da região, de vegetação exuberante característica da mata de encosta e desembocando na Praia do Sono, um refúgio belíssimo somente acessível pela trilha ou pelo mar, e que permanece praticamente intocado devido aos esforços da comunidade moradora.

vista da Praia do Sono do alto do mirante

A Trilha

      A trilha, que segue da parte asfaltada da comunidade até a Praia do Sono, é um santuário de enorme diversidade, com fauna e flora bem características da mata de encosta, transitando para a mata de baixada, que é caracterizada por grandes árvores, palmeiras (como o Palmito Jussara), orquídeas, bromélias e samambaias. Ao observá-la de longe é possível perceber diferentes tons de verde tingindo o relevo da serra.

      O solo da Mata de Encosta forma-se a partir da decomposição da rocha-mãe e possui grande quantidade de matéria orgânica (serrapilheira) com elevada taxa de decomposição devido ao clima quente e úmido sobre sua superfície, que, no ambiente úmido, fornece aos vegetais grande quantidade de nutrientes, permitindo o desenvolvimento de grandes árvores com dezenas de metros de altura. A inclinação do terreno e a pouca profundidade do solo tornam bastante difícil a fixação das árvores, que precisam ter raízes superficiais, espalhadas, fortes, entrelaçadas, capazes de mantê-las em pé e de alcançarem grande área para retirada da quantidade suficiente de nutrientes. Algumas árvores desenvolvem grandes raízes tabulares (que por vezes são usadas para a própria comunicação dos moradores, que, por meio de pancadas espaçadas nas raízes, transmitem vibrações capazes de serem percebidas a quilômetros de distância).

acima, instrumento para medição de características do solo

      Em um ambiente tão fervilhante de vida, a competição por recursos é acirrada. Assim, a vegetação apresenta adaptações que foram sendo selecionadas ao longo de milhares de anos, e que garantem sua existência hoje. Um exemplo é a trepadeira, como a da imagem ao lado, que utiliza-se de uma árvore para alcançar uma altura em que seja possível receber maior quantidade de raios solares, sem necessariamente haver o gasto de energia que seria necessário para ela manter-se de tal altura por si só.

      Uma outra adaptação é a mostrada nas fotos abaixo, nas quais é possível perceber "furos" presentes nas folhas, para que essas não sejam derrubadas com muita facilidade por fatores da natureza como a chuva ou o vento.

bromélias na copa de árvore

Líquens

      Os líquens são constituídos por algas clorofiladas e fungos que vivem em estreita associação, sendo que as algas, por meio da fotossíntese, sintetizam matéria orgânica que o fungo utiliza como alimento. Por sua vez, o fungo consegue reter umidade e nutrientes que a alga utiliza, além de conferir proteção à alga. Esse mutualismo entre a alga e o fungo permite que os líquens sobrevivam em ambientes em que nem a alga e nem o fungo conseguiriam sobreviver sozinhos.

      Essa relação alga-fungo caracteriza-se como interespecífica harmônica chamada mutualismo. Nela, duas espécies se associam e se beneficiam dessa interação, que às vezes pode ser de dependência ou não. Por vezes chamado de mutualismo obrigatório, o mutualismo se diferencia da protocooperação pelo fato de que a sobrevivência das espécies envolvidas no mutualismo depende da interação entre ambas, e não só há um benefício mútuo.

Praia do Sono

      À medida que chegamos ao final da trilha do sono, a mudança na vegetação tornou-se perceptível: o solo, de coberto de folhas e húmus passou a ser arenoso, e as árvores, mais baixas e esparsas. Enfim, chegamos à Restinga.

      Em ecologia, o termo Restinga é utilizado para definir formações vegetais que se estabelecem sobre solos arenosos na região da planície costeira. Esses ecossistemas são determinados fisicamente pelo solo arenoso e pela influência do mar e estão distribuídos ao longo do litoral brasileiro e por várias partes do mundo.

      A vegetação das restingas é influenciada por alguns fatores abióticos, entre os quais se destacam a topografia do terreno, que pode apresentar faixas de elevações e depressões dependendo dos processos de deposição e remoção de materiais nessas regiões; a influência marinha, que diminui à medida que se avança para o interior e o solo, um importante condicionador e fator limitante da distribuição de formações florísticas. Essas condições ambientais determinam as diferentes fisionomias vegetais da restinga. Além disso, a ação humana vem afetando sensivelmente essas áreas, muitas vezes para uso comercial.

      fonte: http://www.infoescola.com/biomas/restinga/

os líquens podem apresentar diversas colorações dependendo da concentração de determinadas substâncias no ambiente, e por isso são conhecidos como indicadores biológicos das condições do meio.

vegetação de restinga na Praia do Sono

na foto, a maresia advinda do mar em direção à terra, um dos fatores condicionantes tanto da Restinga quanto da Matas de Encosta e de Baixada

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